A transcrição e o vídeo do discurso de Michelle Obama que comoveu os EUA

A primeira-dama apoiou Hillary Clinton para presidente no dia da abertura da Convenção democrata em um discurso emocionado, que levou a multidão dizer em coro: "Nós te amamos."

J. Scott Applewhite / AP

Na noite desta segunda-feira (25), a primeira-dama Michelle Obama deu seu apoio apaixonado a candidatura de Hillary Clinton para a presidência dos EUA na Convenção Nacional Democrata.

Ela falou sobre como Hillary "não ficou com raiva ou desiludida" quando perdeu há oito anos para Barack Obama, e defendeu a ideia de se tornar a primeira mulher presidente na história dos EUA.

No final do o discurso, o público aplaudiu de pé a primeira-dama, enquanto gritavam "Nós te amamos, Michelle!"

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Assista a primeira-dama dos EUA falando aqui:

Leia a transcrição completa do discurso aqui:

Obrigada a todos. Muito obrigada. Sabe, é difícil acreditar que já faz oito anos que cheguei a esta convenção para falar com vocês sobre por que eu achava que meu marido deveria ser presidente.

Vocês se lembram que eu falei sobre o seu caráter e suas convicções, sobre sua decência e bondade, justamente os traços que vimos todos os dias em que ele serviu nosso país na Casa Branca?

Eu também falei sobre as nossas filhas, que estão no fundo do nosso coração, que o centro do nosso mundo. E durante nosso tempo na Casa Branca, tivemos a alegria de vê-las crescerem e passarem de meninas arteiras para jovens mulheres equilibradas, uma jornada que começou logo depois que chegamos em Washington.

Nunca esquecerei aquela manhã de inverno, enquanto via as nossas filhas, com apenas sete e dez anos, subirem nos grandes SUVs pretos, com todos aqueles homens armados para irem à nova escola.

Eu vi seus pequenos rostos pressionados contra a janela, e a única coisa que eu conseguia pensar era, o que foi que nós fizemos?

Naquele momento, percebi que o nosso tempo na Casa Branca formaria a base daquilo que elas viriam a ser. E a forma como nós lidássemos com essa experiência poderia transformá-las em bons adultos ou prejudicá-las.

É nisso que Barack e eu pensamos todos os dias à medida em que tentamos guiar e proteger nossas filhas dos desafios desta vida incomum no centro das atenções, como as incentivamos a ignorar aqueles que questionam a cidadania ou a fé de seu pai. Como insistimos que o discurso de ódio que ouvem de figuras públicas na TV não representa o verdadeiro espírito deste país. Como explicamos que, ao ver alguém sendo cruel ou agindo como um valentão, você não deve se rebaixar ao seu nível. Não, o nosso lema é: quando eles se rebaixam, nós nos levantamos.

A cada palavra que proferimos, a cada ação que executamos, nós sabemos que as nossas filhas estão nos observando. Nós, como pais, somos seus modelos mais importantes. E deixe-me dizer uma coisa: Barack e eu usamos essa mesma abordagem para nossos trabalhos como presidente e primeira-dama, pois sabemos que nossas palavras e ações importam, não só para as nossas filhas, mas para as crianças em todo o país, aquelas que nos dizem: eu vi você na TV... eu escrevi um texto sobre você para um trabalho da escola.

Crianças como o pequeno menino negro que olhou para o meu marido, com os olhos arregalados e esperançosos e perguntou: o meu cabelo é como o seu?

E não cometam um erro sobre isso. Em novembro deste ano, quando formos às urnas, é isso que estamos decidindo, nada de democrata ou republicano, nada de esquerda ou direita. Não, esta eleição e cada eleição que é feita trata-se de quem terá o poder de moldar nossos filhos para os próximos quatro ou oito anos de suas vidas.

E eu estou aqui esta noite porque nesta eleição só há uma pessoa em quem eu confio essa responsabilidade, apenas uma pessoa que eu acredito que é realmente qualificada para ser presidente dos Estados Unidos, e esta é nossa amiga Hillary Clinton.

Ela é a escolha certa.

Confio em Hillary para liderar este país porque vi sua dedicação ao longo da vida com as crianças da nossa nação, e não apenas com a sua própria filha, que ela a educou com perfeição, mas com cada criança que precisa de um ídolo, crianças que pegam o caminho mais longo para a escola a fim de evitar as gangues, crianças que querem saber como irão pagar a faculdade, crianças cujos pais não falam uma palavra de Inglês, mas que têm o sonho de uma vida melhor, crianças que olham para nós para determinar quem e o que eles podem ser.

Hillary passou décadas fazendo um trabalho incansável e ingrato para realmente fazer a diferença em suas vidas, defendendo crianças com deficiência como uma jovem advogada, lutando por assistência médica infantil como primeira-dama e lutando por qualidade na assistência infantil enquanto esteve no Senado.

E quando não ganhou a nomeação há oito anos, ela não ficou com raiva ou desiludida.

Hillary não arrumou as malas e foi para casa, porque, como uma verdadeira servidora pública, Hillary sabe que isto é muito maior do que seus próprios desejos e decepções.

Então, ela orgulhosamente deu um passo para servir nosso país mais uma vez como secretária de Estado, viajando pelo mundo para manter as nossas crianças seguras.

E vejam bem, houve muitos momentos em que Hillary poderia ter decidido que esse trabalho era muito duro, que o preço do serviço público era muito alto, que estava cansada de ser julgada sobre sua aparência, ou como falava ou mesmo como sorria. Mas é aí que está algo importante. O que eu mais admiro em Hillary é que ela nunca se curva diante da pressão. Ela nunca toma o caminho mais fácil. E Hillary Clinton nunca desiste de qualquer coisa em sua vida.

E quando eu penso sobre o tipo de presidente que eu quero para as minhas filhas e para todos os nossos filhos, é ela quem eu quero.

Quero alguém comprovadamente perseverante, alguém que conheça este trabalho e que leve isso a sério, alguém que entenda que os problemas que o presidente enfrenta não são preto no branco e não podem ser resumidos em 140 caracteres.

Porque quando você tem os códigos nucleares na ponta dos dedos e os militares ao seu comando, você não pode tomar decisões rápidas. Você não pode ter uma sensibilidade à flor da pele ou uma tendência a atacar. Você precisa ser constante, prudente e bem informado.

Eu quero um presidente com um registro de serviço público, alguém cujo trabalho de vida mostre às nossas crianças que nós não perseguimos fama e fortuna para nós mesmos, nós lutamos para dar a todos uma chance de sucesso.

E nós damos a volta por cima, mesmo quando estamos lutando contra nós mesmos, porque sabemos que há sempre alguém pior lá fora. E conseguimos, graças a Deus.

Eu quero um presidente que vá ensinar nossos filhos que todos neste país são importantes, um presidente que realmente acredite na visão que nossos fundadores apresentaram durante todos esses anos que se passaram, que todos nós fomos criados iguais, que cada um faz parte da amada e grande história americana.

E quando a crise bate, não nos viramos uns contra os outros. Não, nós nos ouvimos, nos apoiamos, porque sempre somos mais fortes juntos.

E eu estou aqui esta noite porque sei que esse é o tipo de presidente que Hillary Clinton será. E é por isso que nesta eleição estou com ela.

Hillary entende que ser presidente trata-se de uma coisa e somente isso: deixar algo melhor para os nossos filhos. Isso é o que sempre moveu este país para a frente, todos nós nos unindo em nome dos nossos filhos, pessoas que se voluntariam para treinar aquela equipe, para ensinar naquela classe de escola pública, porque sabem que essa é a necessidade da comunidade.

Os heróis de todas as cores e credos que vestem o uniforme e arriscam suas vidas para manter firmes as bênçãos da liberdade, os policiais e os manifestantes em Dallas que querem desesperadamente manter nossas crianças seguras.

As pessoas que se organizaram em Orlando para doar sangue, pois poderiam ter sido seus filhos naquele clube.

Líderes como Tim Kaine, que mostram aos nossos filhos com o que a decência e a devoção se parecem.

Líderes como Hillary Clinton, que tem a coragem e a graça de voltar e colocar os pedacinhos quebrados de volta naquele teto de vidro mais alto e mais difícil de todos, até finalmente romper e nos levantar junto com ela.

Essa é a história deste país, a história que me trouxe a este palco esta noite, a história de gerações de pessoas que sentiram o açoite da escravidão, a vergonha da servidão, o aguilhão da segregação, mas que continuaram lutando, perseverando e fazendo o que precisava ser feito! Para que hoje eu acordasse todas as manhãs em uma casa que foi construída por escravos.

E observasse as minhas filhas, duas lindas e inteligentes jovens negras brincando com seus cães no gramado da Casa Branca.

E por causa de Hillary Clinton, minhas filhas e todos os nossos filhos e filhas já têm a certeza de que uma mulher pode ser presidente dos Estados Unidos.

Não deixem que ninguém diga a vocês que este país não é grande. Que diga que, de alguma forma, temos de torná-lo grande outra vez. Porque este é, neste momento, o maior país no mundo.

E como minhas filhas se preparam para mudar o mundo, quero um líder que seja digno dessa verdade, um líder que seja digno das promessas das minhas filhas e de todos os nossos filhos, um líder que será orientado todos os dias pelo amor, esperança e impossivelmente pelos grandes sonhos que todos nós temos para os nossos filhos.

Então, nesta eleição, nós não podemos ficar sentados e esperar que tudo dê certo para o melhor. Não podemos nos dar ao luxo de estar cansados, frustrados ou de sermos cínicos. Não! Ouçam-me! Entre agora e novembro, precisamos fazer o que fizemos há oito anos e há quatro anos.

Precisamos bater em todas as portas, precisamos sair em busca de cada voto, precisamos derramar a última gota de nossa paixão, nossa força e nosso amor por este país para eleger Hillary Clinton como presidente dos Estados Unidos da América!

Então, vamos começar a trabalhar. Obrigado a todos e que Deus os abençoe.

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