A gamer brasileira Sol, de 19 anos, foi morta por um misógino

Por email, o assassino confesso falou sobre o "ódio forte" que sente pelas mulheres.

Atenção: este post contém informações e imagens que podem ser sensíveis para algumas pessoas.

Ingrid Oliveira Bueno da Silva, de 19 anos, conhecida como Sol no mundo gamer, era uma jogadora de Call of Duty, um jogo de guerra. Ela foi esfaqueada e encontrada morta na última segunda (22), na casa de Guilherme Alves Costa, 18, conhecido como Flashlight, no bairro de Pirituba, zona oeste da cidade de São Paulo.

Reprodução

A jovem Ingrid Oliveira Bueno da Silva, conhecida como Sol, de 19 anos.

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Depois de assassinar Sol, Guilherme enviou um email para a professora e blogueira feminista Lola Aronovich com vídeos da vítima já sem vida e um depoimento falando sobre seu "ódio forte" pelas mulheres.

Email escrito por Guilherme que pode ser lido na íntegra no blog Escreva, Lola, Escreva
Email escrito por Guilherme que pode ser lido na íntegra no blog Escreva, Lola, Escreva

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No email, Guilherme escreve: "Eu peguei um ódio forte pelas mulheres nesses últimos anos da minha vida. Todo esse drama que elas passam, toda essa melancolia. Eu sinto nojo e ódio disso, eu quero ficar longe, ser um homem seguro e esperto." Junto com esses conteúdos, ele enviou um livro de 52 páginas que teria escrito sobre sua vida.

Reprodução

Há mais de uma década Lola é perseguida por trolls misóginos (homens que têm aversão às mulheres). Entre eles, os incels, que na maioria das vezes são homens heterossexuais que transformam suas frustrações e traumas em ódio desmedido por pessoas do sexo feminino. Os incels se organizam pela internet, principalmente por fóruns anônimos, onde trocam informações, depoimentos e escolhem vítimas para perseguir e atacar não só virtualmente, como também fisicamente.

Arquivo pessoal

Lola é a principal inimiga desse grupo e já sofreu diversas ameaças de morte, mesmo assim, continua combatendo o discurso de ódio propagado por eles. Ao enviar o e-mail para ela, Guilherme sabia que o caso ganharia repercussão.

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Segundo o clã Gamers Elite, do qual Guilherme fazia parte, o jogador enviou um vídeo no grupo de WhatsApp com imagens de uma mulher que ele teria matado.

O site do Globo Esporte teve acesso ao boletim de ocorrência. O documento informava que policiais militares foram chamados para atender uma ocorrência de mulher esfaqueada. Na casa de Guilherme, encontraram a vítima com diversas facadas e o óbito foi constatado por uma equipe do resgate. Depois do crime, Guilherme fugiu e teria dito aos seus familiares que iria cometer suicídio, mas seu irmão conseguiu convencê-lo a se entregar. Meia hora depois ele foi até o 87º DP, em Pirituba.

SBT / Via youtube.com

O criminoso Guilherme Alves Costa.

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De acordo com uma reportagem publicada pelo SBT, Guilherme e Sol se conheciam há um mês e teriam dormido juntos na noite anterior. Eles teriam feito um pacto mas, pela manhã, ela teria desistido e, por isso, ele a matou.

SBT / Via youtube.com

A casa de Guilherme em Pirituba.

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Os dados apontam que vivemos uma triste realidade. Em 2020, ao menos 648 mulheres foram assassinadas no Brasil por motivação relacionada ao gênero somente no primeiro semestre de 2020, de acordo com Anuário Brasileiro de Segurança Pública.

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