8 pessoas que tiveram o poder de decidir o que é mimimi e o que não é

Que sorte que a gente tem de contar com essas pessoas!

1. O Washington Olivetto, que chamou "empoderamento feminino" e outros jargões publicitários de clichê. Mas terminou a entrevista comparando mulher a um Porsche.

      

A palavra pode ser um clichê, mas quando os homens acham que a mulher é comparável a um carro, por mais por clichê que seja, o empoderamento tem que acontecer de algum jeito.

2. O MC Livinho, ao defender a música "Covardia" da acusação de apologia ao estupro, chamou quem não gostou da letra "família mimimi".

"Vou abusar bem dessa mina
Toma, toma pica tranquilinha
Primeira vez foi covardia
Não te conhecia
Agora toma
", diz a letra de "Covardia".

Você não precisa ser um abusador para fazer apologia a um comportamento abusivo. Em um país onde um estupro é notificado a cada 11 minutos, uma letra "brincando" com abuso não é exatamente "criativa" ou "diferente". É apenas cruel.

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3. Este comentarista que teve uma opinião sobre o apresentador Rodrigo Bocardi ter se desculpado depois de comentar sobre uma nova espécie de cebolas que "não faria as donas de casa chorarem".

      

É mesmo chato viver em um país que precisa corrigir que o trabalho na cozinha não é SÓ da mulher. Mas na hora em que mexer com comida fica glamouroso, aí não tem mais espaço pra mulher na mesa.

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4. Este comentarista que elogiou a chef Paola Carossela pelo jogo de cintura ao lidar com perguntas inadequadas do chef Jacquin, mas chamou de "mimimi" e "vitimismo" as reações de mulheres que não são como a dela.

"Você já fez sexo em cima da mesa dentro da cozinha?", foi a última pergunta da série de perguntas que Jacquin fez a Paola. Ela se recusou a responder.

Realmente não tem opressão, os dois estão no mesmo cargo hierárquico! Mas até para ser "mulherão", em uma saia justa, a mulher tem que ser "alegre" e "bem humorada".

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5. A Patrícia Abravanel, que disse que tudo é um "mimimi" depois que Fernanda Lima respondeu aos comentários de Silvio Santos.

      

"Com essas pernas finas e essa cara de gripe, com ela não teria nem amor nem sexo", disse o apresentador durante o quadro "De Olho nas Celebridades" do "Programa Silvio Santos".

Fernanda Lima reforçou sua crítica ao dar regram neste texto de Milly Lacombe.

Aqui rola uma questão hierárquica. O Silvio Santos é um homem muito querido do público e de muito mais poder e tempo na mídia. Mas se uma mulher acha ruim que ele esteja fazendo brincadeiras inadequadas, ela está fazendo "mimimi", "ela está querendo aparecer". A mulher tem que ser "leve", certo?

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6. O Alexandre Frota, que resolveu apenas mudar o foco depois que a deputada Shéridan Oliveira pediu punição para quem a chamou de "gostosa" no meio da votação da denúncia contra Michel Temer.

      

Quando alguém insiste em falar sobre a sua aparência quando você está no trabalho falando de trabalho é um jeito de minimizar o seu desempenho, te transformar em objeto decorativo e indiretamente dizer que você não tinha nada que estar ali. Mulher tem que ser gostosa, elegante e já está bom, né?

7. Um novo comentarista que opinou se a Anitta estaria ou não cometendo apropriação cultural.

      

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Apropriação cultural é um tema muito polêmico, mas simplificadamente é a classe dominante pegando uma coisinha ou outra da cultura de quem é minoria e decidindo que a partir de agora isso é legal. Será que é "mimimi"? Eu não sei. Mas será que quem não é minoria é quem decide isso?

8. Mais um comentarista ao dar seu pitaco se nova música música de Chico Buarque, "Tua Cantiga", seria machista.

      

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É mesmo um porre que 5,5 milhões de crianças brasileiras estejam sem o nome do pai na certidão. Não existe romantismo no homem que cogita abandonar filhos por alguém. A única justificativa é que este alguém seja ele mesmo.

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