5 filmes que foram afetados por escândalos envolvendo seus atores protagonistas

Confusão, fofoca e cinema!

Escândalo 1: Hugh Grant e "Nove Meses"

Hugh Grant's arrest photo
Hugh Grant's arrest photo
Divine Brown arrest photo
Divine Brown arrest photo

Ted Soqui / Sygma / Via Getty Images, Steve Granitz / WireImage / Via Via Getty

O que rolou?

Em 27 de junho de 1995, apenas 18 dias antes do lançamento de "Nove Meses" – uma grande comédia de verão da 20th Century Fox – o protagonista, Hugh Grant, foi preso em Hollywood por receber sexo oral em um local público de uma profissional do sexo chamada Divine Brown.

Grant, que namorava a atriz Elizabeth Hurley na época, rapidamente divulgou um comunicado: "Ontem à noite eu fiz algo completamente insano. Eu machuquei as pessoas que amo e envergonhei as pessoas com quem trabalho. Por ambas as coisas, estou mais arrependido do que poderia expressar."


O quão problemático isso foi para a 20th Century Fox? Basta olhar o pôster do filme:

The Nine Months poster which has only his name above the title and is mainly his face
The Nine Months poster which has only his name above the title and is mainly his face

20th Century Fox Film

O nome de Hugh, e só o nome dele, acima do título. O pôster é basicamente seu rosto gigante.

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A ironia foi que o estúdio estava muito feliz por tê-lo no filme. "Nove Meses" foi a primeira comédia de Hollywood de Grant depois de se tornar uma estrela graças ao mega-hit britânico "Quatro Casamentos e um Funeral", e os fãs estavam ansiosos para vê-lo novamente.

Hugh Grant in four weddings and a funeral
Hugh Grant in four weddings and a funeral

reprodução

Na foto, Grant em "Quatro Casamentos e um Funeral", de 1994. Escrito e dirigido por Richard Curtis (que depois fez "Simplesmente Amor"), o filme custou menos de $5 milhões e arrecadou $245 milhões.

Como Grant já havia marcado várias aparições na mídia para divulgar o lançamento do filme, uma decisão teve que ser tomada: eles deveriam cancelar as aparições? Ou deixar Grant seguir em frente e torcer para que ele não piorasse a situação?

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Eles decidiram que Grant manteria as aparições, a primeira sendo no "The Tonight Show" com Jay Leno. Tantas pessoas assistiram a entrevista que o "The Tonight Show" venceu o "The Late Show", do David Letterman, em audiência pela primeira vez em um ano. Leno foi direto ao assunto, perguntando a Grant: “O que você estava pensando?”

Grant não ficou com raiva ou inventou desculpas, e disse: "Acho que sabemos na vida o que é uma coisa boa e uma coisa ruim, e eu fiz uma coisa ruim. E aí está."

Ele teve uma resposta igualmente equilibrada no "Larry King Live", dizendo: "No final, você tem que ser honesto e dizer 'eu fiz algo sem honra, miserável e imbecil'".

Em resposta, a CNN escreveu: "Ao se desculpar publicamente, Grant ensinou às celebridades que enfrentam escândalos uma lição sobre como neutralizar uma crise".


A campanha para reabilitar a imagem de Grant (bem rápido) funcionou – "Nove Meses" se tornou a maior comédia da temporada, arrecadando US$138 milhões ao redor do mundo.

Grant, aliás, não contestou o crime e, depois de pagar uma multa, foi colocado em liberdade condicional por dois anos e condenado a completar um programa de educação sobre AIDS.

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Escândalo 2: Armie Hammer e "Crisis".

Armie Hammer and Hannibal Lector
Armie Hammer and Hannibal Lector

David Livingston via Getty Images / Orion Pictures

O que rolou?

Em 10 de janeiro de 2021, pouco mais de um mês antes da data de lançamento do suspense policial "Crisis", em 26 de fevereiro, o protagonista, Armie Hammer, ficou trending no Twitter. O motivo? "House of Effie", uma conta do Instagram, compartilhou prints de DMs – supostamente enviadas por Hammer – que eram violentos e faziam referências ao canibalismo. “Eu quero comer você" e “100% canibal”, as DMs diziam.

Três dias depois, Hammer se pronunciou sobre a controvérsia e divulgou um comunicado desistindo de "Shotgun Wedding", filme que protagonizaria ao lado de Jennifer Lopez.

Ele escreveu: “Não responderei a essas alegações de m*rda, mas à luz dos ataques e do hate contra mim, não posso, em sã consciência, deixar meus filhos durante quatro meses para filmar um filme na República Dominicana. A Lionsgate me apoia e sou grato a eles por isso.”

O roteirista/diretor de "Crisis", Nicholas Jarecki, estava esperançoso com o sucesso de seu filme, já que a reação inicial foi positiva. Foi aí que ele recebeu uma mensagem de um amigo: “Por que Armie está trending no Twitter?”

Armie Hammer
Armie Hammer

Getty Images

A controvérsia logo se transformou em um escândalo completo, à medida que mais mulheres se posicionaram com alegações de agressão e abuso, e uma conta de Instagram privada de Hammer foi descoberta repleta de postagens perturbadoras, incluindo algumas se gabando de seu uso de drogas.



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Esta foi uma notícia péssima para o filme, que já enfrentava dificuldades por ter sido lançado no meio da pandemia.

Jareckia logo percebeu que o filmes não poderia ter uma campanha de divulgação relativamente normal. Em uma entrevista, ele refletiu: “Tínhamos todas essas ideias alinhadas, mas a imprensa não queria fazer uma reportagem sobre Armie Hammer porque, sejamos honestos, a pauta era 'Armie Hammer, o canibal'. E o subtexto da pauta seria 'Armie Hammer, abusador sexual'”.

Hammer abandonou a divulgação do filme - e ninguém ficou surpreso. Mas o resto do elenco ainda poderia divulgar o projeto, certo? Então... por mais que jornalistas estivessem interessados em entrevistar Gary Oldman, eles insistiram que o ator respondesse algumas perguntas sobre Hammer (mesmo Oldman só tendo encontrado Hammer uma vez durante um jantar).

Gary Oldman in the film
Gary Oldman in the film

Quiver/Elevation Pictures

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A situação também dificultou a divulgação de "Crisis" para outros colegas de elenco. Evangeline Lily, por exemplo, compreensivelmente se sentiu estranha ao compartilhar o pôster do filme no qual aparece junto de Hammer, então ela escreveu na legenda de sua foto "orgulhosa de estar neste pôster com #GaryOldman. 😍". Infelizmente, isso trouxe de novo a atenção para o escândalo em vez do filme.

Para piorar ainda mais as coisas, começaram a surgir críticas piores do que as que haviam sido divulgadas antes do escândalo de Hammer. Para Jarecki, parecia que o escândalo estava influenciando negativamente a avaliação do filme.

Apesar de tudo isso, o filme foi lançado como planejado em 26 de fevereiro de 2021. E foi bem?

Foi ok... O filme só arrecadou US$1 milhão nas bilheterias, mas foi o projeto independente de maior bilheteria durante o fim de semana de sua estreia. (Vale lembrar que isso foi durante a pandemia.) "Crisis" também foi o filme mais alugado no iTunes no dia 9 de março e manteve sua classificação por oito dias seguidos. Então, por mais que o escândalo certamente tenha prejudicado as perspectivas do filme, provavelmente também encorajou alguns curiosos.


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Escândalo 3: Felicity Huffman e "Mãe e Muito Mais"

Huffman leaving court after being sentenced
Huffman leaving court after being sentenced

Getty Images

O que rolou?

No dia 12 de março de 2019, a polícia norte-americana anunciou os resultados da investigação sobre uma conspiração criminosa onde pais ricos pagavam milhões de dólares a um homem chamado William Rick Singer, que forjava provas de admissão e subornava funcionários de faculdades para colocar seus filhos em faculdades de prestígio como Stanford, USC e Yale. Foi um escândalo enorme e dois dos pais acusados eram atores famosos: a estrela de "Três é Demais", Lori Loughlin, e a estrela vencedora do Emmy, Felicity Huffmann.

Huffman foi acusada de pagar US$15 mil para alguém fazer as provas de conclusão do ensino médio no lugar da sua filha – e obter uma pontuação máxima.

Para os criadores de "Mãe e Muito Mais" foi um pesadelo. O filme estava programado para estrear no dia 26 de abril.


Na foto, Huffman está saindo do tribunal depois de ser condenada por seu envolvimento no escândalo de subornos em aprovações em universidades.

A Netflix e a diretora Cindy Chupack foram deixadas no mesmo dilema das produções anteriores – o que fazer com a situação? A melhor saída que eles encontraram foi adiar a data de lançamento.

Felicity Huffman
Felicity Huffman

Getty Images

Huffman é casada com o ator William H. Macy (de "Fargo") desde 1997. Ele não foi acusado no escândalo por razões que não foram divulgadas. Ela foi indicada ao Oscar por "Transamérica", e é fundadora do site feminino "What The Flicka", que foi desativado depois do escândalo.

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Claro, "Nove Meses" e "Crisis" mantiveram suas datas de lançamento originais e tudo acabou dando certo (naquelas, né), mas o caso de "Mãe e Muito Mais" era diferente, considerando o tamanho do escândalo, e muitos pais ficaram chateados ao ver uma mãe abusando de um processo seletivo.

E por falar em mães... elas poderiam ter sido justamente a razão para NÃO atrasar a data de lançamento. "Mãe e Muito Mais" era uma homenagem a todas as mães, segundo Chupack, e Netflix planejava lançar o filme duas semanas antes do Dia das mães.

Netflix

O filme era totalmente focado em mães...

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No fim, eles decidiram adiar o lançamento para o dia 2 de Agosto do mesmo ano. Chupack disse: "Não sabíamos qual seria o resultado de tudo isso. Parecia muito perto da data e era uma grande distração. Sentimos que ninguém assistiria ao filme."

Cupcakes with i love you mom written on them
Cupcakes with i love you mom written on them

Bo Zaunders / Getty Images

Essa parece ter sido a decisão correta. O filme foi visto por mais de 29 milhões de pessoas e a Netflix anunciou que ficou em 9º lugar no ranking de filmes originais.

Huffman se declarou culpada e teve que pagar uma multa de 30 mil dólares, além de fazer 250 horas de serviço comunitário e passar 14 dias na prisão.

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Escândalo 4: Louis C.K. e "I Love You, Daddy"

The Paris theatre where the movie was scheduled to premiere before getting cancelled
The Paris theatre where the movie was scheduled to premiere before getting cancelled

Dia Dipasupil / Getty Images

O que rolou?

Em 9 de novembro de 2017, o The Orchard, distribuidora da comédia/drama de Louis CK, "I Love You, Daddy ", cancelou abruptamente a estreia do filme, que deveria acontecer naquela noite no Paris Theatre em Nova York, citando "circunstâncias imprevistas."

No final do dia, ficou claro quais eram essas "circunstâncias imprevistas". O New York Times divulgou uma matéria onde cinco mulheres detalhavam a má conduta sexual do comediante/cineasta. Há anos havia rumores de que Louis C.K. se masturbava na frente de mulheres (geralmente suas colegas), e a matéria confirmou isso com relatos oficiais.

Uma das mulheres contou que uma vez ele se sentou no quarto dela e perguntou se podia mostrar seu pinto – a pergunta a fez rir. “E aí ele realmente mostrou”, disse ela à revista Times. “Ele começou a tirar a roupa, ficou completamente pelado e começou a se masturbar”.

A notícia foi divulgada apenas oito dias antes da data de estreia programada para o filme, então a distribuidora, The Orchard, que havia investido $5 milhões nos direitos de divulgação, teve que pensar em uma solução rápida.

Louis CK on the tonight show
Louis CK on the tonight show

Getty Images

Louis C.K. é mais conhecido como comediante de stand-up, mas já ganhou Emmys escrevendo "The Chris Rock Show'" e "Louie". Interpretou o ex namorado de Leslie Knopes, Dave, em "Parks and Recreation", e disse que as acusações eram apenas "rumores", em Setembro de 2017.

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Para o The Orchard, a questão não era como eles poderiam salvar o lançamento de "I Love You, Daddy", mas se era sequer possível lançá-lo. O escândalo surgiu por volta do início do movimento "Me Too" e a estrela envolvida no escândalo não só atuou no filme, mas também dirigiu e escreveu o roteiro.

Louis CK and the cast at a film festival
Louis CK and the cast at a film festival

Jeremy Chan / Getty Images

"C.K e o elenco no Toronto International Film Festival"

A co-estrela Chloe Grace Moretz deixou claro o que achava da situação quando parou de divulgar o filme duas semanas antes, depois de saber das acusações. O New York Times perguntou se ela achava que o filme deveria ser lançado, e ela respondeu: "Não, eu não acho que deveria ser lançado. Acho que deveria ser esquecido, pra ser sincera. Não acho que é a hora de ele ter uma voz."

Chloe Grace Moretz
Chloe Grace Moretz

Axelle / FilmMagic / Via Getty Images

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A última gota para "I Love You, Daddy" foi o próprio filme. Para começar, era uma homenagem aos filmes de Woody Allen (especificamente "Manhattan"), o que, considerando a situação, não é nada bom. Mas ficou ainda pior.

Chloe Grace Moretz and Louis CK in the film
Chloe Grace Moretz and Louis CK in the film

The Orchard

No filme há um homem de 68 anos (interpretado por John Malkovich) que é acusado de pedofilia, um fato que o personagem de Louis C.K. ignora completamente. Mais tarde, o suposto pedófilo persegue e inicia um relacionamento com uma jovem de 17 anos (Moretz). E agora o pior de tudo, se é que isso é possível: um dos personagens finge se masturbar na frente de outras pessoas por um bom tempo.

Considerando tudo isso, não foi uma surpresa para ninguém quando o The Orchard demorou apenas um dia para compartilhar a seguinte declaração, em 10 de novembro: “The Orchard não seguirá em frente com o lançamento de 'I Love You, Daddy'”.

Em dezembro, Louis C.K. comprou os direitos de distribuição global do filme. Em janeiro de 2022, o filme ainda não havia sido lançado.

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Escândalo 5: Lana Turner e "Vítima de uma Paixão"

Lana turner in another time another place
Lana turner in another time another place

Archive Photos / Getty Images

O que rolou? 

Um pouco mais de uma semana depois de Lana Turner comparecer ao Oscar de 1958, onde foi indicada como Melhor Atriz, ela teve uma briga com seu namorado, o mafioso Johnny Stompanato. O casal discutia frequentemente– Stompanato era cabeça quente e abusivo: ele chegou a enforcar Turner violentamente quando ela o proibiu de visitar o set de "Vítima de uma Paixão".

No entanto, a briga do casal no dia 4 de abril de 1958 foi mais intensa do que o normal, e quando Stompanato ameaçou matar Turner, a filha de 14 anos da estrela de cinema pegou uma faca de cozinha para defender a mãe e acabou esfaqueando o mafioso. Ele morreu no local.

O caso se tornou uma sensação na mídia e, quando um inquérito foi realizado no dia 11 de abril para determinar o que aconteceu, centenas de repórteres lotaram o tribunal. Após quatro horas de depoimento, o júri declarou o caso como homicídio justificável, inocentando Turner e sua filha de qualquer crime.

A distressed Turner sweats on the witness stand
A distressed Turner sweats on the witness stand

Bettmann / Bettmann Archive / Via Getty Images

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Por mais que Turner tenha sido inocentada, a opinião pública sobre o escândalo foi bem dividida. Ela foi apoiada por muitos, mas também criticada por ter "atuado" no inquérito. Rumores infundados também se espalharam dizendo que foi ele que matou Stompanato e fez sua filha assumir a culpa.

Lana Turner
Lana Turner

Getty Images

Turner nasceu na classe operária de Idaho, depois mudou-se para Califórnia e foi recrutada como atriz em uma lojinha de Hollywood com 15 anos. Foi uma das maiores atrizes dos anos 40 e 50 graças a clássicos como "O Destino Bate à sua Porta", atuou na série de drama "Falcon Crest'' e morreu em 1995 com 74 anos.


Tudo isso aconteceu antes do lançamento de "Vítima de uma Paixão", co-estrelado por Sean Connery. A Paramount teve que fazer a boa e velha pergunta "o que fazemos agora?". Eles decidiram adiantar a data de estreia em vez de atrasá-la!

Bettmann / Bettmann Archive

Isso mesmo, a Paramount achou que as fofocas da mídia aumentariam o interesse no filme e eles queriam capitalizar em cima disso.

Em retrospecto, mudar a data de lançamento provavelmente foi um erro, já que o filme foi um fracasso de bilheteria. No entanto, o filme poderia ter falhado independentemente da data, pois recebeu críticas bem ruins. Os fãs de cinema, por outro lado, não deixaram de amar Turner, e seu filme seguinte, "Imitação da Vida", foi um dos maiores sucessos de 1958.

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Conclusões Finais:

A forma que os produtores desses filmes escolheram para lidar com os escândalos – e a resposta do público – parece depender muito de quando os incidentes aconteceram. Podemos observar um padrão pré e pós internet.

Por exemplo, Hugh Grant foi capaz de desfazer seu escândalo e salvar seu filme com apenas algumas aparições na TV. Na era da internet, porém, não seria fácil contornar a situação. Da mesma forma, talvez a Paramount teria conseguido capitalizar financeiramente em cima da trágica situação de Lana Turner adiantando a data de lançamento de "Vítima de uma Paixão" porque as pessoas estariam compartilhado a história várias vezes no Twitter.

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