19 depoimentos que mostram a face mais cruel do mom-shaming

Não importam suas escolhas: ao se tornar mãe, você será invariavelmente criticada.

BuzzShe

Não existe uma tradução exata da palavra mom-shaming para o português, mas muitas brasileiras já foram vítimas dessa forma de assédio cujo objetivo é constranger e humilhar mães.

A palavra vem do inglês: mom é mãe, e shaming é constranger/envergonhar.

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Uma das características do mom-shaming é que ele ocorre independentemente das escolhas feitas pela mãe.

Ou seja, embora as mulheres possam se sentir mal ao serem vítimas do mom-shaming (se perguntando: Será que isso significa que não sou uma boa mãe?), o fenômeno indica geralmente menos uma falha da parte delas e mais um disposição social que normaliza a censura e o policiamento das mães – por conhecidos e desconhecidos.

Então, perguntamos às mães do BuzzFeed Brasil - O Grupo se elas já tinham sido vítimas de mom-shaming. Os depoimentos mostram como mães são alvo de críticas por tudo.

Para este post, as declarações foram editadas por motivos de tamanho e/clareza.

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As mães são criticadas porque escolheram parto normal:

Eu tenho dois filhos e já sofri [com o mom-shaming] antes mesmo de eles nascerem. Quando eu estava grávida do meu filho mais velho, ouvi da MÉDICA: Tu vai tentar parto normal? Eu não faria isso, tu não tem estrutura corporal para um parto normal, tu não vai aguentar não (sou baixinha, tenho 1,60m e 50kg). Na hora, eu até fiquei sem reação. No final, ele nasceu de parto normal super tranquilo. - Natiele Seffer 

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E porque escolheram cesárea:

Já entrei numa treta homérica num grupo de mãe por aquele velho motivo nojento: mãe de cesária não pariu e é menos mãe ¬¬ – Anônima

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As mães são criticadas se amamentam seu bebê...

Bom, me criticaram muito porque amamentei minha filha exclusivamente até os 6 meses. Minha ex-sogra dizia que eu ia matar a menina de sede e fome e, acreditem se quiser: enquanto ela mamou exclusivamente, parecia o bonequinho da Michelin de tanta dobra que tinha. Ela raramente fica doente – Tatiane Araújo Reis

A pior de todas é: "é tão estranho amamentar uma criança grande!". Porra... já basta não ter amamentando o primeiro, o caçula tem 2 anos e 3 meses e estou em processo de desmame... mas é difícil – Denise Umbelino de Toledo

E se não amamentam:

Já me falaram que Deus ia me castigar por que estou COGITANDO amamentar apenas os 4 meses da licença-maternidade. Não sei nem se minha bebê vai pegar peito, nem se vou amamentar mais tempo, mas pelo visto só de cogitar essa possibilidade vou para o inferno – Anônima

Não pude amamentar por motivos que não vem ao caso. Entrei em depressão por isso e só saí com muita meditação, yoga, terapia e uma nova ótica de vida.
O marido da minha tia, ao saber que não pude amamentar, gritou no meio da reunião de família (a reunião era porque minha vó estava morrendo): "MÃE QUE É MÃE, AMAMENTA." – Anônima

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Ou seja...

 As pessoas são estranhas. Meu primeiro filho eu não pude amamentar e dei fórmula, e todos na família ficavam: "Nossa, que absurdo esse guri não pegar peito, a culpa é sua, dar de mamar no peito é tão bom, você não amamenta porque não quer, vai fazer falta para ele". Hoje ele tem seis anos e é um caracu de forte. 
Já o segundo filho, que está com 23 dias, fica no peito o dia todo e ficam falando: "Que absurdo, seu leite não sustenta ele, dá fórmula" 🙄– Ana Julia Matos

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As mães são criticadas porque a criança ainda usa fralda:

Passo muito! Fui severamente repreendida porque desfraldei meu filho com 3 anos e 3 meses... esperei o tempo dele! – Joice Dos Santos Oliveira

E se a criança parou de usar a fralda:

 Fui vítima de olhares e comentários porque meu filho fez xixi na roupa no shopping, a caminho do banheiro... (Acionei a segurança e pedi para chamar a limpeza na mesma hora). Ouvi uma mulher comentando com o marido que era uma irresponsabilidade sair com uma criança sem fralda. Poxa, ele estava aprendendo e não conseguiu segurar ate o banheiro... Ele ficou muito chateado e começou a chorar baixinho. Era a primeira vez que saíamos sem a fralda – Issa Lopes 

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As mães são criticadas por não trabalharem fora e se dedicarem exclusivamente à maternidade:

Todos me julgam por ainda não ter voltado a trabalhar para cuidar da minha filha ... – Kelly Felix

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E por trabalharem fora e não se dedicarem exclusivamente à maternidade:

Já me criticaram porque tive que colocar meu filho na escola e ir trabalhar. Porque "lugar de mãe é em casa"... - Jéssyka Fernandes

Sou considerada uma péssima mãe por trabalhar em outra cidade e só voltar aos finais de semana. Ninguém sabe do nosso dia a dia, do quanto dói permanecer longe, o quanto sofremos, mas que ficamos orgulhosos por estar provendo uma condição financeira digna. O que me mantém forte é vê-la feliz, saudável e vivendo em um ambiente cheio de amor. - Jessica Matamura

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As mães são criticadas por buscarem um companheiro:

Ah, e a clássica: já me criticaram por ter namorado. Porque agora que tenho filho, não devo namorar – Jéssyka Fernandes

E por não buscarem um companheiro:

Sou mãe solo e já escutei algumas vezes sobre como vai fazer mal para minha filha a falta de um homem em casa 🙄 – Grazielle Kusma

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(Independentemente da idade dos seus filhos)

Esses dias contei para uma conhecida que minha mãe tava conhecendo um cara. Acredita que ela torceu a cara falando sobre mãe solteira? EU TENHO 21 ANOS, E MINHA MÃE PODE E DEVE FAZER O QUE BEM ENTENDER DE SUA VIDA AMOROSA – Thaiane Luísa

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O mom-shaming é tão presente que até mulheres que não são mães (mas que são confundidas com mães) passam por ele:

Eu já sofri mom-shaming sem ser mãe! Quando meu irmão nasceu, eu tinha 15 anos. Um dia, enquanto ele ainda era bebê, estávamos passeando e uma pessoa aleatória na rua começou a falar que era uma vergonha eu nova daquele jeito com um filho no colo e que eu não tinha como criar! – Manuela Alves 

Não é como se os pais passassem pelo mesmo tipo de cobrança:

É imensamente cansativo ser rotulada como uma babá permanente dos filhos, enquanto o pai é um doador de esperma. Se saímos para ir a um evento ou festa, os olhares viram lasers em minha direção para saber "Cadê o pequenininho?", enquanto que pro pai perguntam: "Quer uma cerveja?". – Dany O. C. Mucheroni

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O mom-shaming também é muito comum no mercado de trabalho, apesar de a legislação brasileira proibir a discriminação a mães.

Assim que voltei a trabalhar, ouvi da minha chefe que eu já deveria ter desmamado o meu bebê muito antes de voltar a trabalhar e que na época dela ela deixava o filho às 7 da manhã e só pegava às 20h. Claramente me intimidando. – Anônima.

Bom essa MUITAS vão se identificar com certeza: entrevista de emprego. A reentrada no mercado de trabalho depois de ser mãe definitivamente NÃO é como dizem. Cansei de mandar currículos, fazer entrevistas que algumas vezes, apesar de sentir a aceitação do entrevistador, vinha a pergunta maldita: "Você tem filhos? Eles têm quantos anos?". Depois disso é um nariz torcido pra cá e pra lá, um olhar de raio-x julgando a capacidade reprodutiva. Só nisso, já dá pra saber que é melhor sorrir, acenar e partir pra próxima. – Dany O. C. Mucheroni

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Pessoas que praticam o mom-shaming muitas vezes nem se dão conta disso e geralmente se justificam dizendo que sua motivação é a segurança da criança. No entanto, há indícios de que nossa avaliação dos riscos está intimamente ligada ao nosso julgamento moral da situação.

Um estudo da Universidade da Califórnia, citado neste artigo do "The New York Times", mostrou como as pessoas julgavam maior o risco de deixar uma criança sozinha dependendo do motivo que levou o adulto responsável a fazer isso.

Assim, mesmo em um cenário idêntico – como o de criança de 4 anos sozinha por 30 minutos dentro de um carro, brincando no iPad, em uma vaga na sombra no estacionamento de uma biblioteca –, as pessoas julgavam que o risco à criança era menor quando os pais faziam isso para trabalhar do que para descansar.

Claro, há situações em que o risco está claro (como deixar uma criança brincar com um objeto pontiagudo), mas outros nem tanto, e é aí que entram nossos preconceitos.

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Resumindo, o mom-shaming é mais uma forma de dizer que as mulheres – no caso, as que viraram mães – não são boas o suficiente.

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E mesmo sabendo disso na teoria, pode ser difícil para as mães lidarem com esse tipo de crítica na prática. Stephanie Barnhart, que escreveu um artigo (em inglês) sobre o mom-shaming, tem um conselho:

Como uma mãe de primeira viagem, cheguei a uma simples conclusão: Se você está preocupada que não é uma boa mãe, acredite em mim, isso faz de você uma mãe maravilhosa. São os pais que não se preocupam com os quais deveríamos nos preocupar. Então, dê um passo para trás, se dê um tapinha nas costas por ser maravilhosa, e depois vá a outra mãe e diga: ‘Você está fazendo um ótimo trabalho’. Não, sério, faça isso. Precisamos começar a ajudar e não constranger umas às outras. Você tem um filho – você sabe como pode ser difícil.

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