15 vezes em que Hollywood falhou ao representar personagens LGBTQIA+ e outras 15 em que acertaram em cheio
"Chiron, de 'Moonlight', nos lembra de que existem muitas formas de ser gay."
Nós pedimos para membros da Comunidade BuzzFeed nos contarem quais personagens LGBTQIA+ foram retratados do jeito correto e quais não chegaram nem perto disso (para entender o processo criativo queer de Hollywood). Aqui está o que as pessoas têm a dizer.
Aviso: Spoilers a seguir! 🚨
Nota: Algumas respostas incluem momentos transfóbicos e homofóbicos cruéis da televisão e do cinema. Leia com cautela.
1. Jeito errado: Blaine Anderson e Brittany Pierce de "Glee" (2009–2015)


Fox
"Todo mundo sabe que 'Glee' tinha algumas narrativas bifóbicas. Kurt foi um escroto com Blaine quando ele questionou sua própria sexualidade. Brittany era bi e aquilo assustava horrores Santana. A série fez coisas incríveis pelo público gay, lésbico e trans, mas falhou em respeitar e retratar bissexualidade (o que foi bem decepcionante)."
2. Jeito certo: Rosa Diaz de "Brooklyn Nine-Nine" (2013–atual)


NBC
"Amo como a sexualidade da Rosa foi mostrada. Tem uma cena em que todos vão a casa dela para uma noite de jogos, e Holt diz: 'Sempre que alguém tem coragem de dizer quem é, o mundo se torna um lugar melhor e mais interessante'. Obrigado! Aquilo foi lindo!"
"Rosa enfrentou coisas reais e, ao mesmo tempo, manteve um clima de humor e positividade na série. A personagem dela, com certeza, foi muito bem escrita."
3. Jeito errado: Tenente Lois Einhorn de "Ace Ventura - Um Detetive Diferente" (1994)


Warner Bros. Pictures
"A primeira personagem que surgiu na minha mente foi Lois Einhorn, de 'Ace Ventura'. Esse filme retrata a experiência transgênero de uma maneira ERRADA, ERRADA, ERRADA!"
"MEU DEUS, sim. Eu tinha esquecido disso. Acho que bloqueei a memória, na real. A maneira como retrataram pessoas trans é nojenta."
4. Jeito certo: Chiron de "Moonlight: Sob a Luz do Luar" (2016)


A24
"Chiron, de 'Moonlight', deve ser uma das melhores representações de personagens LGBT que já vi. Era um homem preto, do sul dos EUA, se descobrindo e definindo o que significava masculinidade para ele. Apesar de ser uma jornada difícil, ele se impôs. Muitas vezes, vemos homens pretos queer sendo retratados de uma maneira super feminina, e Chiron veio para lembrarmos de que existem muitas formas de ser gay."
5. Jeito errado: Idgie e Ruth de "Tomates Verdes Fritos" (1991)


Universal Pictures
"Eu amava 'Tomates Verdes Fritos' na infância, mas não sabia que o filme era baseado num livro. Fiquei muito brava quando finalmente li e descobri que tinham deixado o relacionamento lésbico de fora. Eu achava óbvio que Idgie amava Ruth, mas seria legal ver os sentimentos sendo comunicados de maneira clara."
"A cena da guerra de comida de 'Tomates Verdes Fritos' é uma metáfora para sexo. O filho de Ruth, assim como no livro, tinha o sobrenome 'Threadgoode'. Tiraram o romance do filme por causa de intromissão executiva. Ruth e Idgie estavam tão apaixonadas uma pela outra no filme quanto no livro."
"Quando existe censura, é preciso deixar as coisas subentendidas. As minas eram gaaaaay."
6. Jeito certo: Todd Chavez de "BoJack Horseman" (2014–2020)


Netflix
"Todd, de "BoJack Horseman", demonstrou como pessoas assexuais podem ter dificuldades para se identificar e encontrar seu lugar em um mundo onde a maioria das pessoas valoriza muito o sexo. A série não tratou a assexualidade dele como uma fase ou um defeito, e sim de um jeito 'normal'."
7. Jeito errado: Toni Topaz de "Riverdale" (2017–atual)


The CW
"Todos os personagens LGBTQ de 'Riverdale' são retratados de uma maneira MUITO errada, principalmente a Toni. Toni, que é bissexual, foi deixada de lado e sua bissexualidade foi usada como arma para que fosse uma ameaça a Bughead antes de ajeitar as coisas num relacionamento super tóxico com Cheryl na série. Toni foi manipulada, traída, enganada e abusada emocionalmente, mas a série quase nunca mostrava como aquilo era prejudicial por elas reatarem 'com muito amor'.
As personagens queer da série têm narrativas fracas ou inexistentes e só existem para desenvolver os protagonistas hétero às suas custas. Elas são tratadas como lixo, e a série continua a promover e dizer que estão fazendo algo incrível pela comunidade LGBT+ com a presença delas."
8. Jeito certo: Dani Clayton e Jamie Taylor e "A Maldição da Mansão Bly" (2020)


Netflix
"Eu voto na Dani e na Jamie, de 'A Maldição da Mansão Bly' como 'jeito certo'. Gostei do fato da Dani ser uma personagem dinâmica e não ser definida por só uma coisa. A história de como ela se assumiu (e o relacionamento com a Jamie) foram muito importantes, mas, além disso, ela tinha uma história. Muitas vezes, sair do armário é o que define um personagem, mas não foi o caso com a Dani (nem com a Jamie). E, apesar de Dani morrer, a morte não teve nada a ver com a sexualidade dela."
"Dani, da 'A Maldição da Mansão Bly', era perfeita. O relacionamento dela com Jamie era carinhoso e doce, e ela teve um grande arco na história, além do fato de ser queer."
9. Jeito errado: Damian de "Meninas Malvadas" (2004)


Paramount Pictures
"Damian, de 'Meninas Malvadas', é um personagem bem errado. Sim, eu sei que ele é aclamado pelos fãs, mas odeio como fazem o 'melhor amigo gay' ser um traço de personalidade. Na história, ele só existia para dar alívio cômico e deixar a vida da Cady mais 'fabulosa'. Ele merecia ter suas próprias complexidades."
10. Jeito certo: Florence de "Sex Education" (2019–atual)


Netflix
"Jeito certo: Florence, de "Sex Education". É tão raro ter representação assexual... Aquela cena em que ela está conversando com a Jean sobre se sentir 'quebrada' é algo que muitos jovens assex sentem. A resposta de Jean é algo que muitas dessas pessoas gostariam de ter escutado nessa idade também. Foi curta, mas realista e significativa. Não consigo nem explicar como foi sentir essa validação ao assistir (mesmo depois de adulta)."
11. Jeito errado: Celie Harris de "A Cor Púrpura" (1985)


Warner Bros. Pictures
"Celie, da adaptação cinematográfica de 'A Cor Púrpura'. A personagem principal do romance de Alice Walker, vencedor do prêmio Pulitzer de 1982, foi baseado na avó da autora, que teve uma vida cheia de abuso e 'não sentia atração por homens'. Steven Spielberg, o diretor, foi criticado por suavizar o caso amoroso dela com a amante do seu marido abusivo no filme de 1985. Ele admite que 'pegou algo extremamente erótico e cheio de intenção e reduziu a um simples beijo'. Na mesma entrevista, Spielberg afirmou que não mudaria isso se fosse refazer o filme hoje em dia."
12. Jeito certo: Simon Spier de "Com Amor, Simon" (2018)


20th Century Fox
"Foi uma representação muito boa de como é se assumir para a família, mesmo quando você sabe que vão te aceitar. Por ter passado por uma experiência parecida, achei a história do personagem quase perfeita."
"Amei como o filme mostrou como é normal ter medo de se assumir, mesmo tendo certeza de que todo mundo na sua vida vai aceitar. Simon e Blue também não foram representados de maneira estereotipada."
13. Jeito errado: Cameron Tucker de "Modern Family" (2009–2020)


ABC
"Cam, de 'Modern Family' era péssimo. Ele era todo estereótipo gay exagerado em um só personagem."
14. Jeito certo: Rue Bennett e Jules Vaughn de "Euphoria" (2019–atual)


"- Você pode ir lá em casa no domingo à noite, pois minha mãe está me perguntando sobre você.
- Você fala sobre mim com a sua mãe?
- Não. Cala a boca."
HBO
"Jules e Rua, de 'Euphoria', são ótimas. Não teve grande narrativa grande sobre sair do armário e nenhum alarde ou dilema. É só uma garota trans e uma garota cisgênero se amando de um jeito super natural."
15. Jeito errado: Emma e Adèle de "Azul é a Cor Mais Quente" (2013)


Wild Bunch
"As cenas de sexo parecem ter sido feitas para homens. Acho que eu teria gostado de ver o que uma diretora mulher faria com o relacionamento de Emma e Adèle nos quadrinhos."
"Eu ODIEI 'Azul é a Cor Mais Quente' por isso. As cenas de sexo [e as personagens] eram exageradas e pouco realistas, perdi total o interesse."
16. Jeito certo: Wil e Vivian de "Livrando a Cara" (2004)


Sony Pictures Classics
"Achei que 'Livrando a Cara' fez um trabalho excepcional ao navegar pela complexidade de se assumir, mas não ser aceito, e ainda se dedicar à família. A história de Ma não é algo que esperamos ver num filme e ajuda a explorar outro lado do 'amor proibido'."
17. Jeito errado: Jack Twist de "O Segredo de Brokeback Mountain" (2005)


Focus Features
"Sempre tive dificuldade com 'Brokeback'. É um filme lindo, mas, no final das contas, é só um mergulho no lugar-comum em que o homem gay acaba sendo morto por ser quem é. É como assistir um grande trauma."
"Sei que 'Brokeback' estava a frente do seu tempo e que os atores são boas pessoas, mas acho que não deveria ser considerado um 'clássico gay'."
18. Jeito certo: Rob Brooks de "High Fidelity" (2020)


Hulu
"O relacionamento de Rob com Kat é ilustrado assim como seus relacionamentos com homens. Não houve uma história trágica ou monstruosa sobre se assumir (como em várias outras séries). Pelo contrário, Kat era só mais uma ex da lista dos cinco piores términos de Rob, e foi muito difícil assisti-la estragando o relacionamento como seus outros ex, que eram homens. Rob não é definida somente pela própria sexualidade, o que é um alívio. É uma parte natural da história dela e de como ela conectava seu relacionamento com a música."
19. Jeito errado: Barry Glickman de "A Festa de Formatura" (2020)


Netflix
"Houve muita polêmica sobre a atuação de James Corden no filme, considerando que ele é um homem hétero interpretando um homem gay. Em geral, não me importo com isso, mas acho que o fato dele interpretar um estereótipo deixou o papel descaradamente ofensivo. Pela natureza da história e pela explosão queer incrível de 'A Festa de Formatura' na Broadway, achei decepcionante."
20. Jeito certo: Waverly Earp e Nicole Haught de "Wynonna Earp" (2016–2021)


SYFY
"Emily Andras [escritora e criadora de 'Wynonna Earp'] fez um ótimo trabalho em não ceder à narrativa lugar-comum de 'matar os gays' (obrigada pelo colete a prova de balas, Nicole!). Há um casamento perfeito no final da história. Além das atrizes Dominique Provost-Chalkley e Katherine Barrell serem lésbicas na vida real e terem uma química incrível nas telinhas, elas sabiam como o ship 'Wayhaught' era importante para o público e fizeram acontecer. Nas entrevistas, elas sempre compartilhavam como era importante contar a história de Waverly e Nicole com verdade, e isso ficou perceptível."
21. Jeito errado: Alexis Meade de "Ugly Betty" (2006–2010)


ABC
"Alexis, de 'Ugly Betty', foi uma personagem ERRADA demais. O problema não era a personagem em si, mas a forma como sua jornada foi retratada. Havia potencial de um arco envolvente, mas os roteiristas pareciam não saber nada sobre pessoas trans (fizeram pessoas chamá-la com o nome de nascimento e, antes de fazer a transição, ela tinha interesse em garotas, o que mudou depois, sabe-se lá por que). O público não viu o processo de transição dela, e a personagem ficou sentada esperando até que descobríssemos quem ela era. No geral, não é uma boa representação."
22. Jeito certo: Elena e Syd de "One Day at a Time" (2017–2020)


"- Eu quase desisti de te dar, porque achei que era brega, mas... Entendeu? É um código binário, com zeros e uns, exceto o coração, que tem outros números. Então é um...
- Um coração não-binário!
Netflix
"Acertaram: Elena e Syd, de "One Day at a Time"! Elas eram meu casal favorito da televisão. Era bom ver um relacionamento gay carinhoso e saudável na televisão. Adorei ver como a série explorou o questionamento da sexualidade de Elena e, além disso, teve um episódio em que usaram neopronomes. Foi incrível!"
23. Jeito errado: Daniela e Carla de "Em um Bairro de Nova York" (2021)


Warner Bros. Pictures
"Daniela e Carla, de 'Em um Bairro de Nova York'. Eu nem percebi que elas eram um casal até alguém me contar. Durante a segunda vez que assisti, faz sentido, se você estiver procurando bem. Não me entenda mal, amo que não houve nenhuma história homofóbica, mas não gosto quando personagens e relacionamentos LGBTQ ficam só em segundo plano (considerando que personagens e relacionamentos héteros estão sempre em foco E em segundo plano). Apesar de tudo, Stephanie Beatriz ainda é incrível."
24. Jeito certo: Ben e McKinley de "Mais um Verão Americano" (2001)


USA Films
"Amei como 'Mais um Verão Americano' representou seus personagens LGBTQ. É um filme em que todo mundo é zoado por tudo e qualquer coisa, exceto por Ben e McKinley serem um casal gay. Mesmo quando achamos que vão ser zoados durante o casamento, nossas expectativas são subvertidas. Eles nunca são tratados como pessoas fora do 'normal', e o relacionamento deles não tinha nenhum drama. É fantástico!"
25. Jeito errado: Nam Sook-hee/Criada e Izumi Hideko/Senhora from "A Criada" (2016)


CJ Entertainment
"O filme 'A Criada' tem o ponto de vista masculino. Poderia ter sido uma ótima oportunidade de representar mulheres do leste asiático como pessoas comuns em vez de objetificá-las. É feito para o público heterossexual."
26. Jeito certo: Mo de "Zoey e a sua Fantástica Playlist" (2020–2021)


NBC
"Parabéns para Mo de 'Zoey e a sua Fantástica Playlist'! Ele é gênero fluido e queer, e o relacionamento dele não foi jogado para fechar a cota do 'casal gay' na televisão. Ele enfrentava a situação de seu parceiro ter filhos de outro casamento, o que achei uma ótima narrativa."
27. Jeito errado: Willow Rosenberg de "Buffy, a Caça-Vampiros" (1997–2003)


The WB
"Willow se sentia atraída, foi apaixonada por vários homens nas primeiras temporadas e tinha uma vida sexual saudável com eles, mas, do nada, virou lésbica a ponto de, mais tarde, afirmar que tinha repulsa de homens e que só conseguia ficar com mulheres. Amei a representação lésbica e sei que, para a época, era revolucionário, mas isso não foi nada legal com jovens bissexuais que estavam tentando se descobrir. Sem falar que matavam todos os gays da série."
28. Jeito certo: Adora e Catra de "She-Ra e as Princesas do Poder" (2018–2020)


"- Você me ama?
- Eu também te amo."
Netflix
"'She-Ra e as Princesas do Poder' estabeleceu essas duas personagens e deu um romance gradual a elas. Muitas séries só ficam, tipo: 'Esse e aquele personagens são gays: vão virar o casal!'. Um desenho infantil representar Adora e Catra como pessoas LGBTQ+ dinâmicas e, em seguida, como um casal, é incrível."
29. Jeito errado: CeCe Drake de "Pretty Little Liars" (2010–2017)


Freeform
"A série finalmente revelou uma personagem que se identificava como trans depois de três temporadas. E a transição só foi escrita como parte de uma grande revelação de que ela era uma 'vilã' que sequestrava e torturava as garotas. Ela foi assassinada no episódio seguinte... Obrigado pela representação 🙄"
"Erraram MUITO na personagem. Dava pra ver que não havia nenhuma pessoa trans dentre os roteiristas de 'Pretty Little Liars'."
30. E, por último, jeito certo: Captain Holt e Kevin Cozner de "Brooklyn Nine-Nine" (2013–2021)


NBC
"O relacionamento de Holt e Kevin era puro demais, e ponto final. A maneira como a série não os retratou como um estereótipo foi ótima e um ótimo alívio."
"Eles eram super parecidos: dois homens sérios que, em segredo, eram intelectuais dramáticos que se completavam muito bem. Em qualquer episódio em que a vida de algum estava em perigo, a relação dos dois era retratada de uma forma tão bonita! (Ainda estou esperando pelo episódio em que eles renovam os votos de casamento, eles merecem!)"
Nota: Algumas respostas foram editadas por questões de tamanho e/ou clareza do texto.
Este post foi traduzido do inglês.