15 pessoas que trabalharam em sets de televisão e cinema contaram suas piores experiências

"Dei perda total em não apenas um, mas dois carros, dormindo no volante ao voltar para casa depois de gravações."

No ano passado, o sindicato de equipes de filmagem, International Alliance of Theatrical Stage Employees (IATSE), negociou novos acordos com a Alliance of Motion Picture and Television Producers (AMPTP) que aumentariam os salários e forneceriam tempo de descanso justo para os membros da união.

A votação foi quase unânime em favor de autorizar uma greve se as partes não entrarem em acordo. As negociações foram paralisadas e, se as exigências não forem cumpridas, o presidente da IATSE está autorizado a interromper produções de cinema e televisão nos Estados Unidos.

Esta é a primeira vez na história de 128 anos da união que os membros votaram para autorizar a greve, então é um momento muito importante para a indústria do entretenimento.

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À luz desta votação histórica, pedimos para membros de equipes do cinema e da televisão da Comunidade BuzzFeed compartilharem suas piores experiências no set de gravações.

Nota: Não é possível confirmar a veracidade dessas histórias. As pessoas supostamente estão falando a partir de suas próprias experiências.

Aqui estão algumas das respostas mais chocantes:

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1. "Nós estávamos trabalhando debaixo de uma tempestade em um set de gravações no topo de um barranco íngreme cheio de lama. Nosso operador de som caiu e quebrou o braço pela manhã. Várias ligações foram feitas para pessoas do alto escalão, até mesmo do estúdio, para falar sobre as condições de segurança precárias, mas os produtores os tranquilizaram e mentiram sobre ter consertado os problemas. A última cena era com duas crianças: falei para meu chefe que estava preocupado com segurança delas, mas ninguém me levou a sério. A segurança nos sets é uma piada. As pessoas que deveriam cuidar disso não o fazem se isso significa que não será possível terminar o filme."

—Anonymous

2. "Durante um verão, eu trabalhei como assistente de produção e, um dia, comecei a me sentir doente. Depois de ficar afastado por dias, recebi uma mensagem de texto de um dos assistentes dos diretores dizendo que não precisariam de mim para o restante das gravações e que eu poderia devolver meu walkie talkie. Então, resumindo, fui demitido por estar doente."

—Anonymous

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3. "Por onde começar? Eu dei perda total em não apenas um, mas dois carros, dormindo no volante ao voltar para casa de gravações. Perdi a última visita ao hospital, funerais e casamentos de muitos familiares e amigos próximos. Meus 3 dias mais longos de trabalho foram de 29, 27 e 26 horas, no último dia de várias temporadas de séries. Nunca bebo água no trabalho, pois preciso esperar oito horas para ir ao banheiro. Fui demitido de um trabalho por que certo ator importante estava de mau humor."

—Anonymous

"Salários justos para todos - IATSE"

Myung J. Chun / Los Angeles Times via Getty Images

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4. "O segundo dia de gravação de um filme de alto perfil teve um turno de 22 horas. Tínhamos vários atores infantis, que tinham diversas regras rigorosas sobre a jornada de trabalho. Na idade em que estavam, deveriam trabalhar só até 9 horas, mas acabaram trabalhando pelo menos 12, porque o diretor e outras pessoas faziam as crianças se sentirem culpadas, dizendo que iam decepcionar os outros se fossem embora e finalizassem o dia antes."

—Anonymous

5. "É uma cultura de excesso de trabalho normalizada. Ser uma pessoa com deficiência excluiu a mim e a outros de muitos trabalhos, pois os contratantes dizem que pessoas como eu não conseguem lidar com as horas exaustivas que colocam nos contratos. O acesso a cadeiras de rodas também é uma grande questão. As empresas nunca consideram isso e publicamente dizem que não fazem ideia de por que pessoas com deficiência são tão pouco representadas nessa indústria."

—Anonymous

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Person in wheelchair faced with inaccessible stairs to office or college building
Person in wheelchair faced with inaccessible stairs to office or college building

Fstop123 / Getty Images

6. "Trabalhei como assistente de produção voluntário em um filme independente. Um dos dias de trabalho mais longos e difíceis foi quando gravamos em uma casa em Paterson, New Jersey, começando às 7 horas da manhã. O horário de encerramento deveria ser às 21h. Trabalhamos mais de seis horas até eu poder ter um intervalo para ir ao banheiro. Às 23h, ainda estávamos gravando, e o último ônibus para Nova Iorque já tinha saído. Não havia outra forma de voltar para casa. Por sorte, um dos atores se ofereceu para levar alguns de nós. Então, basicamente, a produtora executiva não teve problemas em abandonar as pessoas que estavam trabalhando de graça para ela no meio da noite."

chloeobach

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7. "As produtoras fazem um catering especializado que SÓ pega os pedidos de membros do elenco, mesmo se só há um no set, mas a equipe não pode nem sentar por meia hora para comer."

—Anonymous

Union members get pro-labor slogans painted on their cars during a rally at the Motion Pictures Editors Guild IATSE Local 700
Union members get pro-labor slogans painted on their cars during a rally at the Motion Pictures Editors Guild IATSE Local 700

"Comida + sono = não são negociáveis"

Myung J. Chun / Los Angeles Times via Getty Images

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8. "Trabalhei em uma série de tatuagem muito famosa. O elenco chegava no set com armas, apesar dos avisos para que deixassem-nas em casa. Isso atrasava nossos dias. A quantidade de vezes que armas precisaram ser confiscadas foi absurda. Isso fazia a equipe se sentir em perigo."

—Anonymous

9. "Trabalhei como assistente de pós-produção em um filme de sucesso alguns anos atrás. Recebi 700 dólares por semana (cerca de R$3.500), valor fixo, independente das horas extras que trabalhava. Fiz jornadas das 9h às 2h da manhã todos os dias do mês de maio naquele ano, o que fez com que eu pegasse uma infecção respiratória. Fiquei fora por uma semana com febre alta. Quando voltei, continuou igual. Quando algum superior pressionou e perguntou sobre isso para um produtor, admitiram que tinham orçamento para contratar um segundo assistente de produção. Quase me matei naquele trabalho e mal conseguia pagar o aluguel."

—Anonymous

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Person slumped over their desk while editing movies in their home office
Person slumped over their desk while editing movies in their home office

Spiderplay / Getty Images

10. "Já vi incontáveis vezes as pessoas exigirem coisas que estão bem acima do nível salarial e do conhecimento da equipe. Uma vez, uma assistente de produção administrativa que recebia salário mínimo foi chamada para fazer um trabalho da união que deveria ser feito por alguém com conhecimento e que recebesse um salário bem mais alto. Gostava do meu chefe, mas disse a ele que denunciaria à união caso a fizessem fazer isso, e tudo que ele fez foi dar de ombros."

"Este é um problema constante: as pessoas são usadas e exploradas para fazer entretenimento. As produções não seguem as regras da união."

—Anonymous

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11. "Fazia jornadas de 18, 19 horas em uma série que estava sendo gravada em um estúdio da Universal Studios, o que significava que era um ambiente controlado, interno, e não havia motivos para se atrasar assim. Mas, por causa das horas longas, continuava atrasando. Então, chegávamos em casa 7h30 de sábado e precisávamos voltar para o set às 7h30 de segunda-feira."

—Anonymous

Film crews taking a break
Film crews taking a break

Damian Dovarganes / AP

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12. "Fui chamado em uma coprodução para ser dublê de um dos maiores atores de Hollywood. Fui escolhido por uma agência de casting em um país europeu/asiático e recebi os termos do trabalho. Ganharia 300 dólares por semana, trabalhando de 14 a 16h por dia, sendo dublê de um cara que recebeu de 3 a 5 milhões para atuar no filme, no mínimo. Essas horas vão muito além das leis de trabalho de Hollywood, mas o salário não estava nem perto do salário mínimo nos Estados Unidos."

—Anonymous

13. "Lembro de uma vez que precisei de assistência médica, mas me perguntaram se teria como finalizar a série primeiro. Não importava se tinha batido a cabeça e estava vendo estrelas. Me disseram que, se eu saísse, não receberia o pagamento e não precisaria voltar no dia seguinte, pois podiam encontrar alguém que não reclamaria por um galo na cabeça."

—Anonymous

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Person appearing to be in pain  clutching their head
Person appearing to be in pain  clutching their head

Pornpak Khunatorn / Getty Images/iStockphoto

14. "As equipes não têm controle das horas ou dos dias trabalhados. Todos ficam à mercê dos superiores. Os gerentes da unidade de produção deveriam controlar esse tipo de coisa, manter o set alinhado, conter os diretores e diretores de fotografia, lidar com o dinheiro. Em nove anos nessa indústria, nunca vi um UPM falar para um diretor que ele precisava parar, pois está tarde ou ele está pedindo coisas ridículas."

—Anonymous

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15. E, por último: "Para o restante da equipe, quanto mais horas se trabalha, mais horas o catering deve trabalhar. Eles tem que chegar à uma da manhã para conseguir servir na hora certa. Aí, precisam ficar disponíveis por horas para alimentar toda equipe que não pode sair e comprar a própria comida e, em seguida, precisam passar seis horas limpando e se preparando para o dia seguinte. Essas equipes, em geral, trabalham até 20 horas por dia. E nem todas são da união, então recebem uma ninharia para lidar com tudo isso."

—Anonymous

Women members of the IATSE Union were represented at the 4th Annual Women's March
Women members of the IATSE Union were represented at the 4th Annual Women's March

Barbara Alper / Getty Images

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Nota: Algumas respostas foram editadas por questões de tamanho e/ou clareza do texto.

Este post foi traduzido do inglês.

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