19 lugares para conhecer e entender mais de história negra

Do Quilombo dos Palmares até o bairro do Harlem, tem muita coisa espalhada por aí para quem precisa saber mais sobre o passado, presente e futuro.

1. Cais do Valongo, no Rio de Janeiro (RJ).

O Cais do Valongo está localizado no centro da cidade do Rio de Janeiro, na antiga área portuária. Hoje o local é um sítio arqueológico, mas já foi um espaço construído para receber africanos escravizados. Estima-se que ele recebeu mais de 900 mil pessoas durante o século XIX. É um dos lugares historicamente mais importantes sobre a chegada de escravos africanos na América do Sul e nele foram encontrados muitos vestígios e peças dessa época dolorosa. Ele é reconhecido como patrimônio mundial e cultural pela UNESCO. Você pode saber mais sobre o Cais do Valongo aqui.

2. Quilombo do Campinho, em Paraty (RJ).

Localizado na região de Paraty (RJ), o Quilombo do Campinho é uma comunidade quilombola que abriga dezenas famílias que vivem de plantio, artesanato, oficinas e do seu famosíssimo restaurante, que já foi premiado por várias publicações sobre gastronomia graças a seu cardápio que traz comidas simples e pratos passados de geração para geração. Além desse atrativo culinário, o passeio também apresenta rodas de histórias, apresentações de dança e oficinas de artesanato. Conheça mais sobre o Quilombo do Campinho.

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3. Pelourinho, em Salvador (BA).

Que o Pelô é um cartão postal todo mundo sabe, mas vale sempre lembrar da importância histórica que o local abriga. O bairro ao redor do largo tem diversos pontos a serem explorados e por isso é considerado Patrimônio Cultural da Humanidade – ainda que a história por lá nem sempre foi muito feliz: o pelourinho era uma forma de punição utilizada em praça pública onde negros eram amarrados e chicoteados. Outro ponto próximo que também tem uma ligação histórica dessa época é o Mercado Modelo, cujo prédio ainda mantém o porão onde funcionava a senzala.

4. Museu Afro-Brasileiro, em Salvador (BA).

Localizado na região central do centro histórico de Salvador, o museu abriga um acervo de mais de 1100 peças de cultura africana e afro-brasileira como máscaras, esculturas, tecidos, cerâmicas, adornos, instrumentos musicais e também objetos de origem brasileira, relacionados à religião afro-brasileira na Bahia, suas divindades e sacerdotes. O principal objetivo deste museu é manter a divulgação e preservação de matrizes culturais e ele é um dos poucos do Brasil cujo acervo é voltado para a história negra.

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5. Forte de Santo Antônio Além do Carmo, em Salvador (BA).

Conhecido também como Forte da Capoeira, é uma construção do século XVII que já serviu de prisão em vários momentos da história do Brasil, hoje é um espaço cultural e praticamente um museu sobre a Capoeira. Além de uma bela vista da capital baiana, também apresenta muito sobre o estilo de luta gingada que chegou ao país pelos africanos. Tem oficinas de capoeira e outras ações de caráter social e educativo para a comunidade.

6. Igreja Nosso Senhor do Bonfim, em Salvador (BA).

A igreja, famosa pelas fitinhas coloridas na porta, possui uma vasta riqueza histórica. Lá começou-se a homenagear o Senhor do Bonfim em 1745 quando a imagem foi trazida após uma promessa de um capitão que sobreviveu a uma tempestade. O ritual da Lavagem das escadarias da igreja veio desta época quando os escravos eram obrigados a lavar o templo para a festa celebrada no segundo domingo após o Dia de Reis. Paralelamente, os negros começaram a reverenciar Oxalá, pai de todos os orixás e o que era apenas um cortejo católico até a Colina Sagrada passou a ser marcado por muita dança em nome de Oxalá, o que provocou a proibição da lavagem da igreja, em 1889, pelo arcebispo da Bahia. Com o passar do tempo, a Lavagem do Bonfim voltou a acontecer juntamente com a festa, que foi tombada como patrimônio imaterial da humanidade.

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7. Feira de São Joaquim, Salvador (BA).

A feira teve origem na atividade de descendentes de africanos escravizados que se instalaram na região para o comércio – e por falta de opções acabaram morando no local. Virou um ponto turístico da cidade de Salvador e era conhecida anteriormente como "Feira de Águas de Meninos", mas em 1964 um incêndio a destruiu completamente e deu origem à feira de "São Joaquim". Estudiosos da época acreditam que o incêndio não tenha sido acidental.

Ela é especialmente famosa pelos artesanatos de barro, produtos para rituais de candomblé, alguidares, cuscuzeiros, potes produzido no recôncavo baiano e especiarias.

Resistência é uma das palavras chaves dessa feira que sobrevive ao tempo, especulações imobiliárias e segue lutando pela manutenção de suas tradições.

8. Senzala do Barro Preto, em Salvador (BA).

Parte importante do turismo soteropolitano é conhecer o bairro da Liberdade, que é um dos bairros com mais presença e cultura negras da cidade. Lá em Curuzu-Liberdade fica a sede do mundialmente famoso Ilê Aiyê, o maior bloco afro do Brasil e um símbolo da luta contra o racismo no país. Visitar o local é estar diante dos costumes da cultura africana, penteados afros, muitos sorrisos, roupas étnicas, uma gastronomia incrível e um som contagiante nos dias de ensaio do bloco.

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9. Museu do Recôncavo Wanderley de Pinho, Candeias (BA).

O museu funciona onde existia um engenho de cana-de-açúcar. Lá estão expostos itens do período escravagista colonial, como roupas, pinturas, cerâmicas, mobiliário e ferramentas de trabalho e de tortura. São mais de 200 peças do século XVII e muita história do período para quem visita. Saiba mais sobre o museu.

10. Museu Cafuá das Mercês, em São Luís (MA)

Também conhecido como "Museu do Negro", ele fica localizado no bairro da Praia Grande, que era conhecido no século XIX como o bairro das grandes casas do Maranhão. O Museu é um espaço cultural destinado à preservação da memória da gigantesca presença africana do estado do Maranhão. O local era um antigo depósito de escravos construído no século XVIII para receber os negros chegados da África, conforme pode-se ver pela arquitetura sombria com pouquíssimas aberturas de luz e ventilação do prédio, marcas horríveis do período da escravidão.

É possível ver alguns objetos utilizados em rituais religiosos e uma valiosa coleção de arte africana proveniente de diversas regiões e etnias da África, a exemplo de grupos culturais como Bambara, Dogon, Senufo e outros.

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11. Largo da Ordem, em Curitiba (PR)

Na região central da cidade de Curitiba, o largo chama atenção pela arquitetura clássica que foi concebida graças aos africanos que trouxeram ao Brasil algumas técnicas de construção.

12. Igreja do Rosário, em Curitiba (PR).

Uma belíssima construção, anteriormente chamada de Igreja do Rosário dos Pretos de São Benedito, fica no Largo da Ordem e sua história conta que apenas as pessoas negras frequentavam e participavam das celebrações, pois eram proibidas de entrar na igreja dos brancos. Foi projetada e construída graças ao esforço da população negra organizada em irmandades, em 1737. Uma curiosidade: durante muito tempo ela foi maior e mais imponente que a igreja matriz - onde os negros não podiam entrar -, construída de maneira bem mais simples.

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13. Estrada de Ferro, em Paranaguá (PR).

Essa estrada de ferro liga a cidade de Paranaguá a Curitiba em um trecho de mais de 100km de extensão e foi desenhada pelos irmãos Rebouças, os primeiros engenheiros negros do Brasil. Mesmo no período da escravidão eles insistiram que a estrada fosse construída apenas por homens livres. Conheça mais sobre a história dessa estrada, que atualmente não transporta mais passageiros.

Se você está se perguntando se eles têm alguma relação com a Avenida Rebouças, de São Paulo, saiba que o nome é uma homenagem a eles, assim como o túnel Rebouças, no Rio.

14. Parque Memorial Quilombo dos Palmares, em União dos Palmares (AL).

O local onde está esse parque já foi no passado cenário de uma das mais importantes histórias de resistência à escravidão: o Quilombo dos Palmares – descrito pelo site oficial como "o maior, mais duradouro e mais organizado refúgio de negros escravizados das Américas, onde reinou Zumbi dos Palmares, o herói negro assassinado em 20 de novembro de 1695, data em que se comemora o Dia Nacional da Consciência Negra". Conheça mais sobre o parque.

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15. Bairro do Harlem, em Nova Iorque (EUA).

O bairro do Harlem em Nova Iorque é um verdadeiro reduto de riquezas da cultura e da história afro-americana. No bairro nasceram inúmeros movimentos e o local se consolidou como referência na luta racial pelos direitos civis nos Estados Unidos. Criou e inspirou muita coisa da moda, música, literatura e das artes em geral. Uma curiosidade sobre o Harlem é que por lá as principais ruas receberam nomes de personalidades afro-americanas como Malcom X, Martin Luther King, Jackie Robinson (primeiro jogador de beisebol afro-americano a entrar na liga profissional) e Frederick Douglass (um dos mais influentes abolicionistas dos EUA). Andar por lá é ver muitos lugares, pessoas e influências de uma cultura incrível.

16. Schomburg Shop, no Harlem em Nova Iorque (EUA).

Uma das coisas que mais chama a atenção de quem anda pelo Harlem é a quantidade de estabelecimentos históricos. Um deles é a Schomburg Shop, que luta contra a falta de representatividade negra em museus e espaços culturais em Nova Iorque ao ter produtos voltados para a cultura afro-americana. A loja tem livros, itens de decoração, souvenirs e muito mais para quem deseja conhecer mais sobre a história.

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17. Aparelha Luzia, em São Paulo (SP)

Construído com a premissa de ser um quilombo urbano, o local é um centro cultural localizado no centro de São Paulo e seu nome é uma referência aos aparelhos da ditadura dos 1960 e 1970, e combinado com Luzia, o famoso fossíl da primeira brasileira, de traços negros. Por lá é possível encontrar boa música, apresentações étnicas, comida deliciosa, apresentações teatrais – além de muitas pessoas do movimento negro paulistano.

18. Igreja Nossa Senhora do Rosario e estátua da Mãe Preta, em São Paulo (SP)

Também conhecida como "Igreja Nossa Senhora dos Homens Pretos", originalmente ela ficava na praça Antônio Prado, na região central da cidade, mas com a urbanização acabou sendo demolida e reerguida no Largo do Paissandu. A construção da igreja original foi feita graças a Irmandade dos Homens Pretos de São Paulo para que a população negra tivesse um local para frequentar, já que havia uma proibição para outras igrejas. Também no Largo do Paissandu fica a "Mãe Preta", obra construída em 1950 que simboliza a figura da babá negra, que criou os filhos dos senhores de engenho, nos tempos coloniais.

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19. Estátua de Zumbi dos Palmares, em São Paulo (SP).

Localizada no mesmo local onde outrora ficou a Igreja dos Homens Pretos, é uma homenagem ao líder do Quilombo dos Palmares.

Essa é inscrição na estátua.

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Agradecimentos a Luciana Paulino, do @blackbird_viagem
e ao projeto "Linha Preta" pela colaboração neste post.

Publicado originalmente em 2019 por Raphael Evangelista.

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