10 dicas de especialistas para você ter uma conversa ponderada sobre racismo com parentes ou amigos
Pode ser complicado, mas há maneiras de tornar as coisas mais práticas para todos.
Aqui temos 10 coisas nas quais você deve focar ao conversar com parentes ou amigos sobre raça, racismo e injustiça:
1. Eduque-se primeiro, para poder articular sua opinião corretamente.
Netflix / Via vimeo.com
Durante uma conversa com alguém que talvez discorde de você, pode ser complicado expressar perfeitamente sua opinião sem saber o contexto por trás daquilo. Como um ponto de partida sobre o racismo, há muitos livros, filmes e outros recursos que podem apresentar a necessária origem histórica.
Ao mesmo tempo, se você – ou sua família – ainda não conhece a história do racismo, fique sabendo que a culpa não é inteiramente sua. "A maioria das pessoas invalida a documentada história do racismo por causa de duas falhas no nosso sistema de ensino", afirmou Araya Baker.
"As escolas ensinam relatos revisionistas da história que distorcem o contexto histórico necessário", disse ele. "E as escolas também não ensinam a análise estrutural dos -ismos. Coisas como racismo, sexismo ou classismo são contextualizadas como problemas interpessoais a nível micro." Geralmente para evitar uma discussão sobre as dinâmicas de poder e sobre como as pessoas podem usar o privilégio de uma maneira nociva ou beneficiar-se do privilégio de uma maneira passiva, afirmou.
5. Evite pressupor antecipadamente (e irritar-se com) as coisas que seu parente dirá.
Se você já discutiu anteriormente com parentes sobre, por exemplo, os protestos na NFL, pode ser natural sentir-se previamente indignado por já estar convencido de que eles também condenarão as atuais manifestações.
Mas essas presunções podem afetar negativamente o modo como você aborda esses debates, afirmou Baker. "Quando você entra em uma conversa já na defensiva, está mais propenso a ter uma reação exagerada."
6. Esteja muito ciente do que a outra pessoa foi socializada para acreditar e valorizar.
Considerar o condicionamento alheio é importante e pode ajudar a contextualizar os preconceitos dos outros, afirmou Baker. "Lembrar a origem e a formação da pessoa pode evitar que você a culpe enquanto indivíduo, em vez de culpar as instituições e sistemas que a socializaram."
7. Seja humilde.
Mandel Ngan / Getty Images
O privilégio não é uma métrica evidente e nem possui origem unicamente em raça ou classe. Abordar o tópico a partir desse ângulo – e não de um modo "estou educando você" – pode fazer com que tenha mais progresso.
Geralmente, as pessoas são mais receptivas a críticas quando a pessoa que está "ensinando" demonstra humildade, disse Baker. "Para mim, isso pode ser feito explicando minha curva de aprendizagem sobre privilégios de classe e masculinos. Eu sou uma pessoa negra e gay, mas também cresci em uma família de classe média financeiramente estável e aparento ser um homem cisgênero", disse Baker. "Compartilhar isso geralmente mostra às pessoas que o meu interesse em desmantelar as estruturas de poder desiguais não é apenas uma empreitada egoísta."
9. Se sua família reagir à conversa de uma maneira que faça você se sentir ameaçado ou inseguro, saiba quando parar.
Uma coisa é ter uma conversa frustrante com um irmão sentir-se mal após um dos seus pais desligar o telefone na sua cara. Outra é se até mesmo uma contraposição moderada é vista como desrespeito ou justificativa para um comportamento abusivo, como puni-lo, expulsá-lo de casa ou xingá-lo.
Williams disse que, caso essa situação ocorra, nenhum tipo de diálogo seria seguro e que isso seria um indicativo de problemas imediatos que precisam ser abordados. Principalmente se você for um menor e depender dos seus pais ou parentes para coisas como moradia e alimentação.
10. Por último, considere isto uma oportunidade para você, para não tolerar mais desrespeito, intolerância ou ódio.
Charlotte Gomez / BuzzFeed
"Muitas pessoas corajosas que confrontam parentes sobre problemas relacionados à opressão e privilégio acabam sendo alienadas ou intimidadas", disse Baker. "Eu insto elas a utilizarem essa coragem para dar um passo à frente: pensar que nem todas as pessoas com quem você tem parentesco sanguíneo são sua 'família.'"
Talvez este momento seja um grande catalisador em sua vida, para perceber que mesmo tendo "concordando em discordar" no passado, você não pode fazer isso agora. Infelizmente, lutar pelo que acredita pode significar distanciar-se ou cortar relações com pessoas de quem você achava que era próximo.
"Perder [conexões] pode ser um trauma difícil de superar, mas você vai sobreviver a isso", afirmou Baker. A boa notícia? "Você encontrará muitas pessoas com o mesmo tipo de pensamento em sua jornada. E elas confirmarão todas as suas verdades que os outros recusaram-se a admitir ou ouvir."
As entrevistas foram levemente editadas por questão de clareza e espaço.
Este post foi traduzido do inglês.