17 pessoas contam em que momento perceberam a própria masculinidade tóxica

"Quando ela comprou uma camisa rosa pro nosso filho e tivemos uma briga porque eu disse que isso não era 'cor de menino' e se ele virasse homossexual a culpa seria dela".

BuzzShe

Perguntamos neste post quando as pessoas perceberam que tiveram atitudes típicas de masculinidade tóxica em suas rotinas, os depoimentos poderiam ser anônimos ou não. Separamos algumas histórias neste post. Algumas respostas foram editadas por questão de tamanho e/ou clareza.

1. Quando o cara percebeu que não confiava na ex-namorada.

Oneinchpunch / Getty Images

"A minha ex-namorada tinha como maioria amigos homens héteros, sendo que alguns ela conhecia há muitos anos e, como namorado, sempre respeitei isso. Ou pelo menos achava. Mas quando o assunto eram os amigos DELA, eu sempre demonstrava ciúmes, às vezes até de forma excessiva. Além de tudo, aconteceram alguns episódios onde amigos MEUS desrespeitaram ela de alguma forma ou outra, mas eu, sendo muito babaca, mal mudei minha atitude com esses amigos. Depois de algum tempo de namoro ela retomou contato com esses amigos e a vida dela melhorou muito, já que eu fui deixando de ser literalmente a única pessoa que ela mantinha contato. Porém eu não consegui acompanhar esse ritmo. Eu precisei de ter muita coisa jogada na minha cara pra perceber o quão machista e prejudicial isso era. Não terminamos por isso, mas hoje eu sei que eu não teria direito algum de achar ruim se tivesse sido. Não sejam o tipo de pessoa que eu fui, confiem na sua parceira", Eduardo Melo.

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2. O rapaz que percebeu que a mãe era a empregada da casa.

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"Quando eu achava que minha mãe, em uma casa com quatro homens, era a única que deveria cozinhar, lavar, passar e ser responsável por tudo nas tarefas domésticas", Anônimo.

3. Ao ter atitudes para chamar atenção dos amigos e parecer ser hétero.

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"Tinha 13 anos, ainda não tinha assumido que eu era gay e nem fazia a ideia se realmente era. No ensino fundamental de uma escola pública sofria muito bullying por ser afeminado e meus pais me forçavam a ter amizades masculinas para não aparentar ser gay. Então eu entrava nas rodas dos meninos (que eram todos machistas e homofóbicos) e tentava conversar com e ter alguns comportamentos deles. Um dia, para eu ser considerado realmente um hétero pelos meninos, tive que apertar a bunda de uma menina sem a permissão dela, e então eu fiz. Nunca vou esquecer do sentimento que eu tive, parecia que eu estava estuprando ela, e eu só tinha 13 anos. E mesmo tendo feito isso, eles continuaram sendo homofóbicos comigo, até eu ter tido fobia escolar e tendo que tomar medicamentos pesados para conseguir voltar a estudar. Só de lembrar desse fato começo a chorar", Anônimo.

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4. Ao dizer que homens viravam 'mulherzinha' na cadeia.

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"Percebi que tinha uma atitude de masculinidade tóxica quando, na posição de estudante de direito e pesquisadora sobre o encarceramento em massa, repetia que homens viravam 'mulherzinha' na cadeia para me referir aos abusos sofridos por eles quando eram presos. Nunca mais repeti", Bárbara Castro.

5. Quando o não virou bullying na escola.

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"Quando eu tinha 14 anos e me descobria um homem gay tive todos aqueles medos clichês que todos já sabem quais são e como se dão. Na época eu tentei esconder o fato de diversas formas. Uma delas foi pedindo a uma amiga hétero que se passasse por minha namorada quando ela fosse em casa estudar/matar tempo. Ela não aceitou. Disse que não falaria nada pros meus pais sobre o assunto e seria mais discreta na frente deles mas que não aceitaria se passar por namorada. Eu não aceitei o NÃO dela como resposta, cortei a amizade e passei a praticar bullying contra ela na escola com os amigos 'héteros'. Quando eu me assumi busquei me desculpar e pedir perdão a ela, mas claro que a amizade nunca foi a mesma. Me arrependo amargamente", Anônimo.

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6. Quando a mãe comprou uma camiseta rosa para o filho.

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"Percebi que estava sendo o que minha esposa chama de 'macho babaca' quando ela comprou uma camisa polo rosa pro nosso filho e tivemos uma briga porque eu disse que isso não era 'cor de menino' e se ele virasse homossexual a culpa seria dela. Hoje sei que era homofobia e masculinidade tóxica. Ela teve muita paciência comigo pra me fazer entender que eu estava errado em tudo que cresci ouvindo", Anônimo.

7. Quando o homem percebeu que o comportamento feria as pessoas que ele mais amava no mundo.

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"Eu tenho duas irmãs e nenhum irmão. Sempre fui criado para ser a pessoa que um dia 'herdaria' a responsabilidade de cuidar das outras mulheres da casa. Minha irmã mais velha é professora de educação física e um dia precisou renovar sua habilitação. Como ela estava indo direto do trabalho, estava usando calça legging e camiseta, o suficiente para vários homens a desrespeitarem de forma grotesca. Ela chegou em casa realmente incomodada e me contou o ocorrido. Eu imediatamente briguei com ela, fui agressivo, levantei a voz e fiz várias ironias. Argumentei que ela poderia ter utilizado outra calça, que poderia ter se vestido melhor, para 'não chamar a atenção'. Ela ficou bem chateada, e foi para seu quarto. No dia seguinte, fui pedir desculpas, não pelo conteúdo, mas pela forma como falei. Ela ficou pensativa e respondeu 'o problema não é a roupa que eu uso, mas a atitude de vocês homens. Alguma vez você já se preocupou em usar uma roupa que não chame a atenção, para que não te desrespeitem na rua? Eu faço isso todos os dias, desde criança'. Isso foi realmente um tapa na minha cara e então percebi o quão meu comportamento machista desrespeita e oprime as pessoas que eu mais amo no mundo", Marcus Sousa.

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8. Ao magoar o melhor amigo.

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"Por ter um pai e irmãos muito machistas, sempre que eu tinha brigas com meu primo e, na época meu melhor amigo, e homossexual assumido, falava 'só não te mando tomar no cu porque sei que você gosta'. Na época eu não via o quanto magoava ele com essa frase", Anônimo.

9. Com uma dose absurda de ciúme extremo.

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"Estava saindo com uma menina há algum tempo, não tínhamos nenhum tipo de relacionamento sério ou acordo. Um dia através do direct do Instagram recebi um 'semi nude' e percebi que ela não tinha mandado apenas para mim. Tive uma crise de ciúme gigante sendo que flertava com outras garotas e na mesma semana tinha dormido na casa de outra. Mas naquele momento parecia que elas não tinham esse mesmo direito, como se fossem minha propriedade", Anônimo.

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10. Ao descobrir que gay não tem passe livre para passar a mão nas mulheres.

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"Eu passei alguns do final da adolescência e começo da vida adulta achando que eu não poderia ser chamado de machista por ser gay. Achava que eu tinha um tipo de 'passe livre' para chamar as mulheres de vacas, vagabundas, gordas, histéricas e até pra passar a mão no peito delas sem autorização. Algum dia vi um post no Facebook que uma mulher falava o quanto ela se incomodada com gay assim e comecei a refletir. Percebi meus erros e pedi desculpas pra várias mulheres que ofendi", Lucas de Barros.

11. Quando percebeu que não são só os homens que dirigem.

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"Na minha família sempre tivemos carro e sempre meu pai que dirigiu. Então cresci com essa imagem de que só homem dirige. Quando via alguma mulher dirigindo eu achava estranho e argumentava falando que mulher não podia fazer isso pois é tarefa de homem. Hoje, com meus 22 anos, não penso mais assim e acho bem legal quando vejo uma mina dirigindo algum ônibus, caminhão, etc. Minha noiva tem carteira de motorista pra carro e moto e eu apenas carro. Então toda vez que vamos pra algum lugar de moto ela que pilota e eu vou na garupa. E quando fazemos viagem de carro revezamos pra ninguém ficar muito cansado", Renato Monteiro.

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12. Quando a aposta foi chegar e beijar o maior número de mulheres.

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"Quando eu topei entrar em uma aposta com amigos em uma festa, que tinha como objetivo beijar o maior número de mulheres, apenas chegando e beijando, sem qualquer tipo de conversa ou contato, violando totalmente seu espaço e seu direito de curtir sem ser incomodada", Anônimo.

13. Classificando as mulheres.

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"Eu percebi que classificava as mulheres como 'pra casar' e 'pra uma noite só', além de não reeprender comentários de conhecidos e rir de 'piadas' machistas. Até que fiz uma reflexão comigo mesmo e percebi que tais atitudes eram erradas e eu necessitava uma mudança de conduta", Paulo Mataos.

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14. Quando colaborei com rivalidades femininas.

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"Quando eu saía com um cara e descobri que ele estava saindo com outra menina também. Eu meio que sabia, mas me fiz de louca. Quando o confrontei, ele contou a história e eu fiquei contra a menina. Tenho vergonha até hoje por ter colaborado com a rivalidade feminina por causa de homem, o errado era ele!", Anônima.

15. Ao tratar as mulheres de forma diferente no trabalho.

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"Estava em um evento a trabalho, mais especificamente essas feiras de exposição de produtos. O público que geralmente frequenta esse tipo de evento é bem específico, ou seja, profissionais da área que sabem do que estão falando. Estava lá quando uma mulher se aproximou e fez uma pergunta sobre um equipamento que estava exposto. Só para mostrar que eu domino muito mais o assunto, comecei a dar um monte de explicação sem contexto que só servia pra quem é leigo no assunto. No final ela disse 'eu sei de tudo isso, eu trabalho com isso há mais de 10 anos'. Mesmo assim, persisti na mesma linha de explicação. No final, ela só agradeceu e foi embora. Ao longo do dia atendi mais pessoas, sendo a maioria homens, foi aí que percebi que estava tratando homens de forma diferente das mulheres. Sempre discutindo de igual pra igual com homens, mas querendo aparecer e saber mais que as mulheres. Só depois de uma semana parei pra pensar nisso. Possivelmente devo ter feito a empresa perder boas parcerias comerciais", Maurício Brandão.

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16. Quando o namorado não queria transar.

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"Sou um homem trans e em uma discussão com meu namorado ele disse que sempre que ele negava sexo eu ficava irritado e distante. Com outras coisas eu costumava ser mais compreensivo, mas com isso era bem ruim porque sempre acabávamos brigando. Eu fiquei irritado e comecei a arrumar desculpas para esse comportamento. Depois que ele falou que 'se uma pessoa diz que alguma atitude dele faz outra se sentir pressionada a fazer sexo, ele não arrumaria desculpas mas tentaria se ver naquela posição'. Foi aí que eu realmente parei para pensar. Foi como um soco na cara. Eu me senti muito mal, por ele e por mim. Não queria ser esse tipo de pessoa. Hoje em dia tento rever todas minhas atitudes para não cair nesse perfil de novo", Anônimo.

17. Ao reproduzir o comportamento clássico do chamado 'esquerdomacho'.

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"Sou formado em História, negro, pobre. Sei muito bem o que é ser oprimido pela cor da minha pele. Considero-me bem instruído, leio sobre política, sobre racismo, sobre feminismo. Tenho a noção de que o machismo mata. Sei o quanto é tóxico. Sei o quanto desagrega. Sei dissertar sobre tudo isso usando dados sofre violências domésticas de diversas formas. Sei contextualizar aspectos históricos. E por mais que eu lute contra isso e saiba disso tudo, ainda NÃO SEI respeitar minha companheira. Não sei tirar de mim a ideia de que a opinião dela é sempre vazia. Não sei me sentir frágil perante toda a sua inteligência sem tentar ser arrogante e superior para esconder minha masculinidade frágil. Sinto-me como o clássico 'esquerdomacho'", Anônimo.

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