O que acontece se a Dilma sofrer um impeachment?

Não é o Aécio quem assume. Veja os sete passos que explicam como o processo de impeachment funciona.

Você pode ter visto nos últimos dias nas redes sociais alguma postagem como essa, pedindo o impeachment da presidente Dilma Rousseff.

Reprodução/Facebook

O interesse pelo assunto realmente aumentou nos últimos meses, como mostra esse gráfico do Google para pesquisas sobre o termo:

Reprodução/Google

O período analisado foi entre o começo de dezembro até hoje.

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Além disso, apenas neste mês vimos Ives Gandra Martins dar parecer favorável ao impeachment; o líder do PSDB trocou farpas com um senador petista sobre o assunto e o líder do PT falou em golpismo.

Divulgação/PSDB, Agência Brasil

Cássio Cunha Lima (PSDB) e Lindbergh Farias (PT)

Muito tem se questionado sobre o assunto, como quem assume a presidência caso Dilma seja afastada. Veja o que pode acontecer durante o processso:

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1. O presidente da Câmara é quem decide se o pedido de impeachment é arquivado ou encaminhado aos parlamentares. O pedido precisa receber os votos de dois terços dos 513 deputados para continuar.

Divulgação/Câmara dos Deputados

No caso, isso seria 342 votos. Depois o processo é levado para julgamento no Senado, e também precisaria da adesão de dois terços dos membros (54 do total de senadores). A sessão é presidida pelo presidente do Supremo Tribunal Federal e precisa ocorrer em até 180 dias depois que chega no Senado, período pelo qual o presidente fica afastado do cargo.

2. Se Dilma sofrer o impeachment, ela perde o mandato e fica impedida por oito anos de se candidatar a qualquer cargo, como aconteceu com o ex-presidente Fernando Collor (que esperou os oito anos e hoje é senador).

Collor é senador pelo PTB de Alagoas.

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3. Algumas pessoas acreditam que Aécio Neves (PSDB-MG), que ficou em segundo lugar na disputa pela presidência do Brasil, assumiria o lugar da Dilma. Mas não, não é ele quem assume.

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4. Se o processo de impeachment da presidente Dilma for aprovado e julgado procedente, quem assume é o vice-presidente, Michel Temer (PMDB-SP), e ele fica até o final do mandato.

Dilma Rousseff fala com Michel Temer durante evento em Brasília em 2013

Foi isso que aconteceu com Itamar Franco por causa do impeachment de Collor em 1992.

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5. Se Temer por alguma razão também for afastado durante a primeira metade do mandato (no caso até o fim de 2016), serão convocadas novas eleições.

Divulgação/TSE

E se ele for afastado apenas a partir de 2017, as eleições serão indiretas. Em entrevista ao BuzzFeed Brasil, o advogado Renato Ribeiro de Almeida, especialista em direito eleitoral, explica que caso Temer seja afastado após a primeira metade do mandato, apenas os membros do Congresso Nacional podem votar nos candidatos.

6. De qualquer forma, o próximo na linha de sucessão de Temer enquanto as eleições acontecem é o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

Eduardo Cunha comemora eleição para a presidência da Câmara no último mês

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7. Se Cunha também sair, seja por renúncia ou afastamento por impeachment, quem assume é o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).

Segundo a consultoria política Arko Advice, o risco do impeachment prosperar é "pequeno, mas deve ser considerado". O relatório da empresa cita eventos no Facebook que convocam para manifestações pró-impeachment.

Reprodução/Facebook

Até hoje, já foram protocolados mais de 14 pedidos de impeachment desde 2010.

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